NASCIMENTO NA ENTRADA
DO RIO GRANDE.
Nesta estação(posto telegráfico) que se chama, Sargento
Queiroz, poderei contar algumas das
estórias que eu vivi com minhas turmas de trabalho.
Ela está a um túnel dentro de Santa Catarina, (+ ou –), 3 km fora da nossa Pátria Amada, RS. Um dia
vindo de um, local de trabalho entre Escurinho e Lajes(não existia Berlande,
estávamos em trabalho de recuperação de um aterro que havia deslizado. Com 340
homens, eu tirei uma folga depois de 8 dias ausente de casa, debaixo de uma
chuva torrencial. Quando no Escurinho estranhei a longa parada para tirar a
licença e cheguei a me preocupar, e desci do JEEP WILLIS que doado pela Receita
Federal já era de muito uso, sobre
quatro rodas, era de alto risco.
Ao retornar preocupado com as cortinas da capota de lona, um
ruído ensurdecedor da chuva e do rolamento sobre trilhos, saímos em direção a
Vacaria. Passamos de viagem por Sgt Queiroz, e bem devagar sobre a ponte do Rio
Pelotas que quase não se viam os trilhos...
Um ruído muito estranho e continuo, fez com que eu virasse para o compartimento
traseiro que era de carga de algumas caixas e gêneros, e ao ver uma lona se
mexendo, eu levantei um canto e vi um menina gemendo e chorando. Já estávamos
entrando no túnel que era a saída da ponte e
sem a chuva, mandei o motorista, Sr Wenceslaw parar. Questionar nada
adiantou, pois ele estava duro com as mãos no volante, sem nenhum gesto...
Desci do Jeep e como eu proibia qualquer tipo de carona,
retirei a lona para ali mesmo despejar o
intruso, ou invasor, ou clandestino.A responsabilidade de um engenheiro
num acidente com qualquer tipo de situação destas seria de exclusivo peso dele.
Ao me deter melhor na imagem que a escuridão do túnel já não era total, pois minha vista se
acostumara, vi uma pessoa branca com três joelhos, sendo que um o do meio, ensanguentado.
Pronto, minha vida profissional já estaria marcada pela indenização.
Agora já com o Sr. Wenceslaw ao meu lado, o que se via era
algo, para mim um garoto de 27 ou 28 anos, engenheiro cheio de moral e estrelas
a suportar, não poderia deixar a situação me tomar de surpresa e criar pânico.
O motora já tinha vindo de Passo Fundo numa transferência sem direito a nada
por haver sido considerado desregrado...
Mas a hora era de pânico e nada mais poderia ser feito, pois
o joelho ensanguentado era a cabeça de uma criança que estava nascendo, e a
minha vida nada mais valia... Lavando as mãos na cachoeira que caia da emboque do túnel, nos colocamos, num sufoco de primeira viagem,
e eu cofesso que só conhecia aquelas
profundezas pelo furtivo tato protegido por calcinhas perfumadas...Olhar, só na
escuridão, ou revistinhas...
Foi muito fluido e rápido, quando me dei por conta eu estava
com o rebento nas mãos e o deitamos
sobre a barriga da menina que agora sorria, e aquela lambança e sangue ficou na
lata do assoalho correndo para um lado e para outro. Liberei a velocidade da
viatura, que ao passar pelo Cap Ritter(posto telegráfico em frente a Fazenda do
Socorro), nos anunciamos pelo sistema telegráfico, não tinha celular, nem
facebook, pedindo recursos na nossa chegada
à Vacaria. Quando lá, lembro ainda que o
TORPEDO, ou Doutor Pedro Bruno Fett, estava elegantemente vestido num jaleco de pé na gare da estação, e em seu carro,
tomou todas as providencias, com muitos elogios à nossa performance.
A jovem mãe era esposa de um trabalhador de linha, “TUCO”,
que estava no local de trabalho, lá no aterro perto de Lajes, que pela severidade de ter que dar tráfego ao combustível vindo da Refinaria Alberto Pasqualini de Canoas,
abastecia, Santa Catarina e Paraná, estávamos com maquinário pesado do 1º
BTLFV, Trem de Lastro e 340 homens, em
turno de 24 horas, há quatorze dias, sem
saber de outras situações de nossas famílias.
Muitas vezes aos sábados imaginávamos nossos colegas
dançando e festejando algum evento... mas isto é outra estória.
Querendo finalizar, ainda com algum ensinamento, vi pelo
fogo aceso na plataforma que o que está sendo queimado era dormente velho
retirado da linha, ou não. Estes dormentes tem tratamento de preservativo
altamente tóxico, já proibido no Brasil; “PENTACLOROFENOL”, que ao queimar
exala gases venenosos, podendo matar quem o aspira ou envenenar a carne que
sobre o fogo for assada...
Ainda neste local, deverei descrever acidente com cimento e açúcar
dentro do túnel 33.
Chegada(TPS ainda em construção) do primeiro Trem Minuano
com o Ministro Mário Andreazza
Pescaria, eu o Sr. Secundino Dias e Walter Quartieri,
no Rio
Pelotinhas
Engº Civil Elias Scalco, fundador da 2ª Residência de Engenharia Ferroviária em
Vacaria, RS, Brasil.
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