sexta-feira, 23 de setembro de 2016

TREM DA MERDA E CABUNGOS COM SEUS CABUNGUEIROS


FERROVIA GASÔMETRO PEDRA REDONDA- PORTO ALEGRE. QUE NOS DIAS DA SEMANA FAZIA O TRECHO CARREGANDO OS CABUNGOS, OU CUBOS ATÉ A PEDRA REDONDA , QUASE EM IPANEMA -  PESQUISADO E POSTADO PELO ENGENHEIRO CIVIL ELIAS SCALCO - FUNCIONÁRIO CONCURSADO NA RFFSA NO PERÍODO DE 1970 A 1995 - APOSENTADO NA MARRA POR EXIGÊNCIA DAS CHEFIAS QUE QUERIAM A PRIVATIZAÇÃO E ENTREGA DE TODO O PATRIMÔNIO A ALL, COM SEDE EM LAS VEGAS. 

VIAÇÃO FÉRREA  DO RIO GRANDE DO SUL, INCORPORADA A RFFSA EM 1957, RECEBENDO A DENOMINAÇÃO DE SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL SUL - SR6




Página curtida · 13 h 

Estação Férrea do Riacho - 1900. Esta fotografia foi tomada em um domingo. Observa-se o intenso movimento de passageiros na estação. Aos sábados e domingos o número de viagens para a Tristeza aumentava bastante, pois esta região era destino para veraneio. (Foto acervo Porto Alegre uma História Fotográfica.) — em  Porto Alegre, Brazil

Comentários

Clóvis Muniz Em 1940, eu nasci em uma casa de funcionário da VFRGS - meu pai era ferroviário !
Em 1941, tivemos que sair da casa que ficou alagada até ao teto em função de enchente !
Adorei esta foto histórica !!!
CurtirResponder110 h






Professor Pedro A. C. Teixeira noreply-comment@blogger.com

06:12 (Há 5 horas)
para mim
Professor Pedro A. C. Teixeira deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Cabungueiros e seus Cabungos":

Bom dia Dr. Scalco.
Honrado com sua visita e seu tão elucidativo comentário, que nesta madrugada me fez fazer uma viagem ao passado e lembrar desses pobres homens que tal serviço faziam, me foi gratificante saber e conhecer um pouco mais deste serviço. Os cubos e os cubeiros eram também assim chamados em Rio Grande, e tenho informações que em São Leopoldo esses homens eram chamados, como no Rio de Janeiro, de tigres. Informação prestada pelo Dr. Júlio Cézar de Oliveira, colega professor e amigo. Outrossim sempre procurei algum museu que tenha esses cubos ou cabungos, pois gostaria de fotografá-los, mas não os encontrei, já que a ilustração de meu texto foi por mim mesma feitas, porém gostaria de ter uma ilustração mais condizente. Sei que no museu da Santa Casa de Pelotas há um ou dois cubos, vou seguidamente a Pelotas, mas esqueço de visitar tal Museu. Pergunto a V. S. se há nesse museu citado em São Leopoldo esses cubos para que eu possa fotografá-los e não deixar se perder da história esse trabalho tão importante e que os executores jamais tiveram suas histórias contadas. Sabia eu, que no 4º Distrito, de Porto Alegre esse sistema existia, porém para mim foi uma surpresa saber deste valoroso TREM, do qual tinha total desconhecimento.
Agradeço a visita e comentário, que são sempre bem-vindos e desejo um belíssimo fim de semana.


Postar um comentário. 

O NOSSO BLOGGER É PUBLICO E TODOS OS FERROVIÁRIOS OU FERROVIARISTAS PODEM POSTAR SEUS COMENTÁRIOS, COMO AMIGOS DO BEM, NADA OFENSIVO. VAMOS LÁ MINHA GENTE, NÓS SOMOS A MEMÓRIA AINDA VIVA.




Cabungueiros e seus Cabungos




Hoje a população não sabe, nunca ouviu falar e nem imagina o que foram os “cabungueiros” ou o que foi um “cabungo”



No fim do Império, no Rio de Janeiro havia os chamado tigres, escravos que carregava baldes e barris cheios de dejetos humano sobre seus ombros, que eram levados e jogados ao mar.




Excrementos de uma corte simplória, fedida e como o povo também mestiça seguida de pequena elite semianalfabeta, bajuladora e também fedida, que obrigavam homens escravizados a carregarem suas porcarias, pois não havia rede de esgoto.


Lembrando que o Rio de Janeiro, quando aqui chegou fugindo da Guerra de Napoleão a família real em 1808 fedia pior que uma carniça. Era um esgoto a céu aberto. Era uma cidade imunda, fedida e pestilenta.

Eram esses homens chamados de tigre, pois as porcarias humanas que escorriam desses recipiente deixavam em seus corpos famélicos listras de fezes, o que o levou a serem comparados a tigres.

Porém ainda no fim dos anos  cinquenta, início dos sessenta do Século XX, nas cidades de Pelotas e Rio Grande o serviço continuava a todo vapor, agora feito por homens livres.

Havia nas regiões mais abastadas banheiros com louças ligadas a um esgoto cloacal arcaico que simplesmente levava as fezes humanas sem nenhum tratamento para os rios. Rios de onde sairiam a água de beber.


Nas regiões menos agraciadas, onde morava a esmagadora maioria da população, tanto nas cidades quanto no campo o que se usava era as latrinas.

Entretanto nas latrinas mais modernas, essas junto às cidades em bairros populosos, não havia o célebre e profundo buraco cheio de estrume humano e sim o histórico e valoroso “cabungo”, que na cidade portuária de Rio Grande era chamado de “cubo”.

O cabungo ou cubo era um pequeno barril cônico de madeira de aproximadamente cinquenta centímetros de altura, com a boca de mais ou menos vinte e cinco centímetros, chegando a sua base com trinta e cinco centímetros, que semanalmente era substituído pelo Asseio Público, que os levava em carroças puxadas por cavalos percherons, melhor alimentados que os pobres e desgraçados homens que tal serviço faziam.

Levavam o cheio e deixavam um limpinho, embebido em alcatrão ou óleo bem escuro misturado com um pouco de creolina.

Anos depois em Pelotas essa carroças foram substituídas por caminhões pequenos. Lembro-me de um Ford verde que atendia o fragata.

Tais barris eram feitos em tanoarias especializadas aos milhares para poder suprir a demanda de uma grande população, pois vilas e bairros inteiros eram assim atendidos.

Em Pelotas os chamados cabungueiros, homens que transportavam os cabungos, retirando os cheios de fezes e levando-os para as carroças, que depois de recolherem iam para as margens do canal de São Gonçalo, onde despejavam e lavavam esses barris bem próximo de onde atracava a balsa, no final da Rua Tiradentes que fazia a transposição de raros caminhões e automóveis de um lado para outro do canal, erradamente chamado de rio. Essa balsa era o meio que ligava Pelotas a isolada Rio Grande.

E todo esse trabalho imundo, fedido e altamente contaminante, onde vicejava as doenças era feito sem nenhum equipamento de proteção.

Descalços, mal alimentados, pessimamente remunerados, carregavam as sujeiras de toda uma população, com suas calças e camisas velhas cheias de remendos e de fezes. Cheios de doenças e de vermes que dilaceravam suas vidas, que por esse comprometimento eram velhos e alquebrados aos trinta e poucos anos.

Eram considerados por muitos como sendo a escória da humanidade, pois além das doenças que carregavam em seus corpos famélicos e valetudinários, cheiravam tão mal que as pessoas evitavam até de olhá-los, com medo de pegarem suas doenças e principalmente nojo.

Por onde passavam deixavam um rastro de mau cheiro e muitos cabungos, cheios até a boca, muitas vezes deixavam outro rastro nos pátios, por onde eram carregados. Um rastro das porcarias humana que como nenhum outro animal tem as mais fedidas fezes.

E assim mesmo, cheirando pior que qualquer outro animal, tem a extrema veleidade de se dizerem divinos, filho de um deus, com o poder por esse dado de reinar sobre os animais.

- Que hipocrisia.

- Que pretensão.

Pretensão que beira a demência.

Pobres cabungueiros.

Seres explorados vilmente em um trabalho sujo, duro e desumano, mas mesmo assim alguns eram gentis e gracejavam de seu próprio infortúnio.

Infortúnio cruel que os aniquilava. Outros sequer falavam, eram homens amargos, tristes, mas todos tinham o mesmo futuro, o de morrerem jovens ainda, mas de aparência extremamente velha, pálidos ou de um amarelão que dava medo. Vidas carcomidas, cheios de vermes que os corroíam em suas desgraçadas sagas.

E dizem os simplórios que deus é fiel.

Dizem os insanos que deus é bom.

Que deus?

Muitas vezes se estava usando a latrina, bem sentado no banquinho de madeira sobre o cabungo, quando de repente um funcionário do Asseiro Publico abria a portinha dos fundos da latrina e trocava o valoroso barrilzinho, que era puxado por um ganho de ferro já munido de uma tosca tampa que nada tapava, sem ver quem estava sentado obrando.

Levava-se um enorme susto, mas a obra continuava agora em um cabungo limpinho e cheirando a óleo e creolina.

Texto extraído do livro ainda sem título de minha autoria sobre minhas memórias que pretendo em breve editá-lo.
  
         
       
          
          

          

       










         



TREM DA MERDA E CABUNGOS COM SEUS CABUNGUEIROS


FERROVIA GASÔMETRO PEDRA REDONDA- PORTO ALEGRE. QUE NOS DIAS DA SEMANA FAZIA O TRECHO CARREGANDO OS CABUNGOS, OU CUBOS ATÉ A PEDRA REDONDA , QUASE EM IPANEMA -  PESQUISADO E POSTADO PELO ENGENHEIRO CIVIL ELIAS SCALCO - FUNCIONÁRIO CONCURSADO NA RFFSA NO PERÍODO DE 1970 A 1995 - APOSENTADO NA MARRA POR EXIGÊNCIA DAS CHEFIAS QUE QUERIAM A PRIVATIZAÇÃO E ENTREGA DE TODO O PATRIMÔNIO A ALL, COM SEDE EM LAS VEGAS. 

VIAÇÃO FÉRREA  DO RIO GRANDE DO SUL, INCORPORADA A RFFSA EM 1957, RECEBENDO A DENOMINAÇÃO DE SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL SUL - SR6




Página curtida · 13 h 

Estação Férrea do Riacho - 1900. Esta fotografia foi tomada em um domingo. Observa-se o intenso movimento de passageiros na estação. Aos sábados e domingos o número de viagens para a Tristeza aumentava bastante, pois esta região era destino para veraneio. (Foto acervo Porto Alegre uma História Fotográfica.) — em  Porto Alegre, Brazil

Comentários

Clóvis Muniz Em 1940, eu nasci em uma casa de funcionário da VFRGS - meu pai era ferroviário !
Em 1941, tivemos que sair da casa que ficou alagada até ao teto em função de enchente !
Adorei esta foto histórica !!!
CurtirResponder110 h






Professor Pedro A. C. Teixeira noreply-comment@blogger.com

06:12 (Há 5 horas)
para mim
Professor Pedro A. C. Teixeira deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Cabungueiros e seus Cabungos":

Bom dia Dr. Scalco.
Honrado com sua visita e seu tão elucidativo comentário, que nesta madrugada me fez fazer uma viagem ao passado e lembrar desses pobres homens que tal serviço faziam, me foi gratificante saber e conhecer um pouco mais deste serviço. Os cubos e os cubeiros eram também assim chamados em Rio Grande, e tenho informações que em São Leopoldo esses homens eram chamados, como no Rio de Janeiro, de tigres. Informação prestada pelo Dr. Júlio Cézar de Oliveira, colega professor e amigo. Outrossim sempre procurei algum museu que tenha esses cubos ou cabungos, pois gostaria de fotografá-los, mas não os encontrei, já que a ilustração de meu texto foi por mim mesma feitas, porém gostaria de ter uma ilustração mais condizente. Sei que no museu da Santa Casa de Pelotas há um ou dois cubos, vou seguidamente a Pelotas, mas esqueço de visitar tal Museu. Pergunto a V. S. se há nesse museu citado em São Leopoldo esses cubos para que eu possa fotografá-los e não deixar se perder da história esse trabalho tão importante e que os executores jamais tiveram suas histórias contadas. Sabia eu, que no 4º Distrito, de Porto Alegre esse sistema existia, porém para mim foi uma surpresa saber deste valoroso TREM, do qual tinha total desconhecimento.
Agradeço a visita e comentário, que são sempre bem-vindos e desejo um belíssimo fim de semana.


Postar um comentário. 

O NOSSO BLOGGER É PUBLICO E TODOS OS FERROVIÁRIOS OU FERROVIARISTAS PODEM POSTAR SEUS COMENTÁRIOS, COMO AMIGOS DO BEM, NADA OFENSIVO. VAMOS LÁ MINHA GENTE, NÓS SOMOS A MEMÓRIA AINDA VIVA.




Cabungueiros e seus Cabungos




Hoje a população não sabe, nunca ouviu falar e nem imagina o que foram os “cabungueiros” ou o que foi um “cabungo”



No fim do Império, no Rio de Janeiro havia os chamado tigres, escravos que carregava baldes e barris cheios de dejetos humano sobre seus ombros, que eram levados e jogados ao mar.




Excrementos de uma corte simplória, fedida e como o povo também mestiça seguida de pequena elite semianalfabeta, bajuladora e também fedida, que obrigavam homens escravizados a carregarem suas porcarias, pois não havia rede de esgoto.


Lembrando que o Rio de Janeiro, quando aqui chegou fugindo da Guerra de Napoleão a família real em 1808 fedia pior que uma carniça. Era um esgoto a céu aberto. Era uma cidade imunda, fedida e pestilenta.

Eram esses homens chamados de tigre, pois as porcarias humanas que escorriam desses recipiente deixavam em seus corpos famélicos listras de fezes, o que o levou a serem comparados a tigres.

Porém ainda no fim dos anos  cinquenta, início dos sessenta do Século XX, nas cidades de Pelotas e Rio Grande o serviço continuava a todo vapor, agora feito por homens livres.

Havia nas regiões mais abastadas banheiros com louças ligadas a um esgoto cloacal arcaico que simplesmente levava as fezes humanas sem nenhum tratamento para os rios. Rios de onde sairiam a água de beber.


Nas regiões menos agraciadas, onde morava a esmagadora maioria da população, tanto nas cidades quanto no campo o que se usava era as latrinas.

Entretanto nas latrinas mais modernas, essas junto às cidades em bairros populosos, não havia o célebre e profundo buraco cheio de estrume humano e sim o histórico e valoroso “cabungo”, que na cidade portuária de Rio Grande era chamado de “cubo”.

O cabungo ou cubo era um pequeno barril cônico de madeira de aproximadamente cinquenta centímetros de altura, com a boca de mais ou menos vinte e cinco centímetros, chegando a sua base com trinta e cinco centímetros, que semanalmente era substituído pelo Asseio Público, que os levava em carroças puxadas por cavalos percherons, melhor alimentados que os pobres e desgraçados homens que tal serviço faziam.

Levavam o cheio e deixavam um limpinho, embebido em alcatrão ou óleo bem escuro misturado com um pouco de creolina.

Anos depois em Pelotas essa carroças foram substituídas por caminhões pequenos. Lembro-me de um Ford verde que atendia o fragata.

Tais barris eram feitos em tanoarias especializadas aos milhares para poder suprir a demanda de uma grande população, pois vilas e bairros inteiros eram assim atendidos.

Em Pelotas os chamados cabungueiros, homens que transportavam os cabungos, retirando os cheios de fezes e levando-os para as carroças, que depois de recolherem iam para as margens do canal de São Gonçalo, onde despejavam e lavavam esses barris bem próximo de onde atracava a balsa, no final da Rua Tiradentes que fazia a transposição de raros caminhões e automóveis de um lado para outro do canal, erradamente chamado de rio. Essa balsa era o meio que ligava Pelotas a isolada Rio Grande.

E todo esse trabalho imundo, fedido e altamente contaminante, onde vicejava as doenças era feito sem nenhum equipamento de proteção.

Descalços, mal alimentados, pessimamente remunerados, carregavam as sujeiras de toda uma população, com suas calças e camisas velhas cheias de remendos e de fezes. Cheios de doenças e de vermes que dilaceravam suas vidas, que por esse comprometimento eram velhos e alquebrados aos trinta e poucos anos.

Eram considerados por muitos como sendo a escória da humanidade, pois além das doenças que carregavam em seus corpos famélicos e valetudinários, cheiravam tão mal que as pessoas evitavam até de olhá-los, com medo de pegarem suas doenças e principalmente nojo.

Por onde passavam deixavam um rastro de mau cheiro e muitos cabungos, cheios até a boca, muitas vezes deixavam outro rastro nos pátios, por onde eram carregados. Um rastro das porcarias humana que como nenhum outro animal tem as mais fedidas fezes.

E assim mesmo, cheirando pior que qualquer outro animal, tem a extrema veleidade de se dizerem divinos, filho de um deus, com o poder por esse dado de reinar sobre os animais.

- Que hipocrisia.

- Que pretensão.

Pretensão que beira a demência.

Pobres cabungueiros.

Seres explorados vilmente em um trabalho sujo, duro e desumano, mas mesmo assim alguns eram gentis e gracejavam de seu próprio infortúnio.

Infortúnio cruel que os aniquilava. Outros sequer falavam, eram homens amargos, tristes, mas todos tinham o mesmo futuro, o de morrerem jovens ainda, mas de aparência extremamente velha, pálidos ou de um amarelão que dava medo. Vidas carcomidas, cheios de vermes que os corroíam em suas desgraçadas sagas.

E dizem os simplórios que deus é fiel.

Dizem os insanos que deus é bom.

Que deus?

Muitas vezes se estava usando a latrina, bem sentado no banquinho de madeira sobre o cabungo, quando de repente um funcionário do Asseiro Publico abria a portinha dos fundos da latrina e trocava o valoroso barrilzinho, que era puxado por um ganho de ferro já munido de uma tosca tampa que nada tapava, sem ver quem estava sentado obrando.

Levava-se um enorme susto, mas a obra continuava agora em um cabungo limpinho e cheirando a óleo e creolina.

Texto extraído do livro ainda sem título de minha autoria sobre minhas memórias que pretendo em breve editá-lo.