Butantan para os Ferroviários
Assumi a 2a. Residência da RFFSA, com sede em Vacaria, RS no Tronco Principal Sul que seria a nova ligação de São Paulo com Porto Alegre.
Era o ano de 1971, quando eu, Residente da Via Permanente em Bagé, RS, fui designado para criar a NOVA RESIDENCIA, com o Sistema da CONSERVA CÍCLICA, administrada e vendida pelos franceses.
Acidentes de grande monta eram comuns pela queda de barreiras e a determinação das placas da ferrovia incitarem a velocidade de 80 Km/h.
Retiramos as placas de 80 e colocamos ”SUJEITO BARREIRA”, cortamos a escala das curvas para uma velocidade possível em bitola métrica.
Nosso empenho era a admissão de 340 TRV Trabalhadores de Via Permanente.
As sedes eram a cada 50 Km e uma delas correspondeu a Estação de Sargento Queiroz, assim denominada porque este Militar morreu numa explosão dentro de um túnel na divisa do estado de SC com RS.
Sgt Queiroz é a estação entre Rio Pelotas e Pelotinhas, região muito acidentada e com muitas blocos pedra na superfície sobre os campos.
Havia muitas cobras no local e principalmente cobras cascavéis.
Eu, com 27 anos, me preocupava com o aprendizado que pudesse me tornar melhor junto ao ser humano ligado ao trabalho braçal.
Secundino Dias, que era o meu CONDUTOR DE VIA PERMANENTE, de 1,90 de altura e 180 kg, sabia tudo sobre o ser humano.
Com os seus sessenta e tantos anos e uma memória dos fatos da antiga VFRGS “(VIAÇÃO Férrea do Rio Grande do Sul), da qual ele era egresso e cedido à RFFSA, contou-me o fato de envio de animais peçonhentos ao BUTANTAN.
Dei crédito às tratativas e, logo, logo tínhamos 22 grandes cobras cascavéis, com seus guizos nas caudas.
Até a embalagem nos foi descrita pelo servidor da VFRGS, Sr Secundino, e com tábuas de pinho de 30 cm por 2,5 cm, por 3,50 m, (tábuas de polegada de 30), feito tipo caixão e dentro, algumas travessas com guias de 15, para as cobras não se empilharem.
Este caixão era fortemente pregado no assoalho de um vagão fechado e assoalho de madeira.
A promessa era que o BUTANTAN nos enviaria SORO ANTIOFÍDICO para nossa proteção.
Enviamos em seguida, outro vagão nas mesmas condições, mas com 17 cobras de grandes guizos...
Nos foram mandadas, a princípio, diversas caixas com a medicação, e até hoje guardo minha caixa de pronto socorro com o SORO ANTIOFÍDICO, “já vencido, logicamente.”
Ano se passou e um servidor TRV daquela TURMA 7 (Sgt Queiroz), SR PAGNO, foi picado por uma cascavel em seu tendão de Aquiles e uma longa estória que deverei contar numa outra postagem, quando localizar as fotos da perna completamente negra do Sr Pagno.
E em seguimento deverei contar minha criação de cabritos, naquele local, pois me foi dito que a urina do cabrito, mais a pronta forma de ataque com as duas patas dianteiras, mataria, ou afugentaria a cobra.
Meu nome; Elias Scalco, Eng.º Civil, diplomado em 1969, admitido na RFFSA em 1970, aposentado por força da “privatização(?)” em 1995.
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